(continuação)
O Paulo estava aborrecido, seu rosto denunciava. Seu silêncio pretendia preservar o meu bem estar. Nos fechamos no quarto, fingimos esquecer aquela presença indesejada, mas parecia que até seu cheiro podia ser sentido no ar. Resolvemos sair e quando voltamos, ele já não estava lá.
Nossa vida finalmente voltava ao normal. Só por essa noite.
A manhã seguinte trouxe de volta a realidade de alguém com depressão: prostração, choro, falta de apetite, medo. Em casa, sozinha, todo o universo contrariando as leis da alegria.
O telefone tocava insistentemente e eu não conseguia me levantar para atender. Com esforço, calcei os chinelos e desci as escadas. Meu filho estava preocupado, pois havia ligado durante toda a manhã sem resposta. Logo ele chegou, serviu almoço pra mim, conversamos e eu fiquei melhor. Pouco antes do Paulo voltar do trabalho, meu filho disse que precisava ir buscar  meu neto na escola e se foi.
Tive uma noite horrível. A maior parte da noite acordada e quando dormia, tinha pesadelos. Andei entorpecida pela casa, sentei na sala sem saber o que fazer e o Paulo segurando minhas mãos com carinho.
Na manhã seguinte, a tristeza tomava conta de todos os meus sentidos. Vontade de desaparecer como uma fumaça. Não conseguia ouvir direito o que diziam pra mim. Precisava de um abraço afetuoso de minha cunhada Ana. Liguei para ela e fomos tomar o café da manhã juntas.
Voltamos para casa e estávamos programando uma saída que me distraísse, pois eu estava chorando muito. Nesse momento senti saudades do meu filho Raphael e liguei pra ele, porém o Diego atendeu e me convidou para almoçar com eles pois estariam reunidos e eu aceitei. O Paulo carinhosamente, disse que me levaria até lá e depois iria resolver alguns assuntos, mas eu queria que ele almoçasse conosco.
Chegamos á casa do Diego e foi tudo muito rápido, de repente ele estava brigando comigo,e Raphael indo embora, também saí sem entender o que se passava e o Paulo sempre comigo.

(continua)