Nem sei como começar,mas faz parte da minha terapia o desabafo.
Estou separada judicialmente há sete anos.Sempre me preocupei demais com os sentimentos de meus filhos e como tivemos durante dezessete anos uma vida desarmoniosa,triste, com muita briga e confusão, sempre tentei poupa - los. Logo após a separação, meu ex - marido insistiu em manter o contato frequentando nossa casa e tinha algumas liberdades que me incomodavam. Mas eu sou uma mulher fraca. Aceitei aquela presença incômoda para agradar aos meus filhos. Sempre dei um jeito: saía e deixava os meninos com ele em casa, ia para a casa de alguma vizinha, enfim fazia o que podia para contornar o fato de aquela presença me incomodar. Com isso, ele ganhou espaço. Fazia churrasco, programava reveillon e eu sempre saía e ele ficava na minha casa com os meus filhos.
Comecei a namorar e ele conseguiu fazer amizade com meu namorado. Quando eu falava do incômodo que a presença dele me causava, meu namorado dizia pra eu liberar perdão pois ele era gente boa!
Quem sabe se ele é gente boa sou eu que passei todo o sofrimento que ele pode me causar, ainda me via condenada a conviver com ele dentro da casa que eu pagava e comendo do que eu comprava. Ás vezes, em dias de semana, comuns, ele trazia artigos para lanche e preparava o café antes da minha chegada do trabalho para fazer um agrado sem propósito. Que ódio! Era como se estivéssemos casados ainda. Engolia em seco essa situação e não tinha mais o controle sobre minha própria casa.
O tempo passando e o desconforto aumentando.
Meu namoro, como era de se esperar, chegou ao fim.
(continua)
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