Reflexões

Esta semana não tenho terapia, e eu já acostumei a desabafar é assim que encaro minha terapia: como um desabafo. Desabafo confiante como a conversa com um grande amigo deveria ser. Insisto em confiar nas pessoas e acho que essa condição acaba por me fragilizar.
 Não! Eu não sou ingênua, eu sou confiante. Prefiro acreditar nas pessoas e deixo o meu coração livre,sem perguntas. 
Já! Já me decepcionei várias vezes e com certeza continuarei me decepcionando...
Às vezes me pergunto como posso continuar confiando nas pessoas depois de haver sofrido tanta traição?
 Não sei a resposta. O que sei é que sinto uma raiva na hora e logo em seguida ela passa e tudo volta ao "normal". 

Não é bem assim,eu mudo a forma de me relacionar, não confio mais naquela pessoa, mas todo resto continua igual.
Amigos , colegas de trabalho, pessoas com quem divido lideranças. Há algo errado comigo. Quanto mais eu me esforço para agradar, acho que mais desagrado, quanto mais eu acerto, mais as pessoas desgostam de mim e se afastam.
Sempre gostei de ser só. De repente deixei de gostar, quero muita gente á minha volta. Mas o estranho é que quando tem muita gente á minha volta eu tenho medo, pavor, pânico.
Não quero sair de casa e quero a minha casa cheia de gente.
Quero uma vida normal. Mas como é uma vida normal?
Quem determina o que é normal?
Eu penso que normal é ser feliz, mas acho que mesmo triste eu sou feliz. Tenho o que muita gente gostaria de ter: minha casa montada sem grandes despesas, estou com dívidas por causa da depressão mas... Caramba que estranho! Não sei mais qual é o sentimento que me move. Sei apenas que não odeio ninguém,mas esse é um sentimento dirigido a outros.
Quanto a mim oque sinto? Segura dentro de casa, protegida pelo Paulo, preocupada com os filhos, querendo refazer minha vida, tecer a minha própria teia. Ter sonhos que sejam puramente meus e planeja-los e realiza-los. Talvez até mudar de profissão. Queria mesmo refazer minha história. Escrever um livro. Mas um livro que fale de que?
Jesus! Será que estou ficando maluca ou é a crise da menopausa? Tenho tantos projetos e ainda não posso começar a realiza-los: mudar de casa, casar na igreja, voltar à minha fé, fazer uma pós, estudar artes, pintar quadros, ter o meu próprio ateliê. Estes não são sonhos novos, são apenas meus sonhos verdadeiros e eu preciso agir rápido. Sair dessa casca onde me escondi, tomara fosse uma ostra e quando saísse tivesse o brilho da pérola!
Será que alguém perde tempo lendo essas bobagens que escrevo?
Já renasci tantas vezes, no fogo, na água , no vento, nas dores do coração, em cada perda um renascimento. Mas eu não estou forte como antes. Minha coragem virou medo!
Estou assistindo a tudo como se em uma tela enorme passasse um filme de tudo que vivi, mas eu não estava lá. O que me fazia sorrir? O que eu realmente quis fazer? Qual a música que gosto de ouvir? São reflexões simples que não sei responder. O que aconteceu durante todo esse tempo de vida que foi uma escolha realmente minha? Não posso voltar, não quero voltar, quero uma história nova, uma história bem diferente. Quero rir quando quiser, e ir e vir também. Não importa pra onde ou com quem. quero um dia de cada vez , mas quero um propósito, um objetivo, uma assinatura de Deus numa folha em branco pra eu poder desenhar a pessoa que realmente sou.

Ainda não sei como ela é, mas estou me preparando para conhece-la melhor e com ela quero voar muito alto como fazem as águias e de lá de cima ter uma visão global deste meu novo universo ainda tão imerso no desconhecido.