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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Antes de ser mãe

Antes de ser mãe eu não era a pessoa que sou, eu saía com amigos, bebia muito, todo tipo de bebida, eu pegava carona com"amigos", topava sair sem ter hora pra chegar, dançava freneticamente e quase não comia e trabalhava demais como sempre trabalhei.Minha vida não importava pra ninguém. Eu podia ir trabalhar numa casa de família e ficar três, quatro, cinco meses fora que ninguém me procurava. Em casa eu era muito calada, minha mãe era muito agressiva. Por isso vivi pouco com ela, passava a maior parte de tempo trabalhando em casas de família. Muitas vezes, sofri assédio e tive que resolver sozinha, pois não adiantava pedir ajuda ao meu pai. Nesta altura ele já estava doente e mal conseguia sustentar a casa.
Conheci muita gente importante, trabalhei na casa de alguns políticos de Niterói, aprendi  a jogar pôquer assistindo a noitadas de jogatina regadas a wisky e muito cigarro. Até meus dezessete anos eu fumava duas carteiras de cigarros por dia. E dormia muito pouco. Hoje eu vejo que já naquela época eu era muito solitária, quando tinha um pega lá em Icaraí eu estava no meio assistindo a tudo. Nenhum mundo me pertencia. Ali era o mundo dos filhinhos de papai e eu era uma indigente, retirante que estava ali para trabalhar. Em casa eu era uma turista estranha que de vez em quando se hospedava por lá.
Aos dezenove anos, engravidei, o pai da criança era o meu " melhor amigo" e eu tive que aprender que minha vida sem sentido precisava ter sentido agora. Não por mim, mas porque havia uma pessoinha dentro de mim que queria atenção, cuidados e muito respeito.
Mudei radicalmente de vida. Encarei o fato de que eu precisava morar em algum lugar, e parei definitivamente de trabalhar em casas de família e passei a enfrentar o dia a dia com minha mãe: muitas cobranças, muitos gritos, mamãe não sabia, aliás ainda não sabe, conversar.
Decidi que a minha vida tinha que ser mais limpa e fiz uma faxina geral. O amor que entrou no meu coração foi o sabão da limpeza! Aqueles olhinhos pequenos sorriam pra mim como duas jabuticabas e os cabelos tão finos pareciam fios de seda com os quais eu poderia tecer uma proteção de calor humano que me aqueceria até o fim de minha vida! E como me aqueceu!
Acho que o amor de mãe nos submete, nos transforma,nos humaniza e nos alegra a alma!
Passava muitas horas acariciando minha barriga e falando com o Thiago enquanto descansava meus pés inchados; eu trabalhava em pé como vendedora de uma loja de departamentos em Niterói e ficava muito cansada, mas extremamente feliz por ter sido agraciada com o dom divino de ser mãe.
Eu sou mãe solteira, pois o pai do Thiago nunca nos assistiu. Sei o quanto é difícil assumir um filho sozinha e fiquei muito orgulhosa quando soube que o Thiago seria pai. E pai responsável que assume o amor que sente por constituir uma família e trazer felicidade pra ela. 

Desejo de todo coração que meu filho tão amado seja muito feliz, pois ele mesmo sendo tão jovem já sofreu bastante e jamais eu faria qualquer coisa que quebrasse o elo que nos une, pois sei o quanto amar vale a pena.
Vivi minha vida por amor. E só por  amor vale a pena viver!

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