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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Eu era menina...

Eu lembro daquela menina... Tão doce, tão meiga, tão carismática e estudiosa. Lembro de sua beleza, seus longos cabelos tão dourados que refletiam a luz do sol, que desciam pelos seus ombros como uma cascata desaguando no meio das costas. Lembro do seu corpo franzino, de sua fragilidade, dos seus olhos ora tristes, ora encantados com a beleza que enxergavam em quase todas as coisas.
Eu lembro daquela menina saltitante imitando os saltos de uma lebre quando tirava uma nota boa na escola,
eu lembro da sua alegria porque iria agradar aos pais,lembro de sua decepção quando pra eles a escola era uma mera formalidade. Essa menina tinha tantos sonhos...
Já se imaginava mãe de um casal de filhos, com um marido carinhoso, que compartilhasse os empreendimentos que ela nem conhecia como empreendimento!
Eu lembro que aquela menina devorava livros e trocava idéias com os professores, desde cedo gostava de escrever e cada leitura gerava uma história nova.
Eu vi quando tudo isso perdeu a importância! eu vivi com ela o primeiro amor, todas as lutas travadas contra o poder patriarcal, cada lágrima que eu enxuguei eu senti como uma navalha na carne.
eu estava lá quando ela vagou pela madrugada, perdida,cega pelas lágrimas e paralisada pelas emoções.
Fui eu quem a abraçou quando todos a julgaram por suas buscas que eram diferentes das buscas de outras meninas da época.
Eu estava com ela quando o médico anunciou uma gravidez solitária... Que foi a sua melhor decisão, eu sei!
E foram sorrisos felizes onde o maior amor do mundo teve a sua chance de ser demonstrado.
Já não importava uma carreira de sucesso ou um marido excelente, bastava aquele serzinho pulsando dentro dela, fazendo piruetas e ocupando um espaço preparado desde o início dos tempos pra ele. Ali foi sua primeira morada e ela cuidou pra que tudo estivesse perfeito.
Já não havia tempo pros longos cabelos,pras unhas bem cuidadas. O tempo agora era seu próprio dono. 
Eu lembro da entrega, do zelo, dos cuidados, de toda preocupação, das noites insones e de ter que trabalhar no dia seguinte.
Quantas vezes essa menina foi desafiada a conquistar mais dinheiro por morar naquela família, quantas vezes ela foi humilhada com o filho nos braços tendo que sair pela madrugada a procura de um abrigo e algumas vezes esse abrigo não apareceu...
Nunca vi um gesto de vingança, ou uma palavra de ódio. Ela sempre perdoou e esperou na justiça de Deus!
Acreditando sempre que coisas boas vão acontecer.
Hoje essa mulher continua menina quando confia antes de se decepcionar, quando se entrega acreditando que é possível ser feliz, quando crê nas pessoas, até nas reincidentes. Ainda não sou a mulher que esperam de mim e que talvez eu também deseje ser!
Continuo no constante aprendizado que nos permite crescer e nunca, absolutamente nunca estar totalmente pronta!!!

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