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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A depressão

Criei este blog num momento muito difícil da minha vida. É difícil falar sobre o assunto.
Nem sei se sou capaz de dar conta até o final, mas preciso falar sobre o assunto pois, faz parte da minha terapia.
Passei, como todas as pessoas passam, por problemas ao longo desses 48 anos. Meus amigos dizem que sou guerreira, que enfrento os problemas de frente e boto a fila pra andar.
Ao casar-me aos 23 anos já era mãe. Meu filho tinha então 2 anos e meio e morávamos com os meus pais até então.
Mudamos para uma pequena casa em Lagoinha, um bairro aqui em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Ainda não dispúnhamos de mobília, mas como todo casal apaixonado, pensávamos que tudo se resolveria facilmente, e até foi mesmo bastante rápida a montagem da casa. Poderíamos ter sido muito felizes. Poderíamos ter envelhecido juntos, poderíamos ter construído uma família. Poderíamos ter sido diferente...
Com apenas uma semana de casados, meu marido chegava do trabalho depois das 22 horas, estava assistindo tv na sala quando ele chegou, a casa estava iluminada apenas pela iluminação que vinha da tv. Ele chamou à porta, eu acendi a luz da cozinha para abrir a porta. No ato de acender a luz meu dedo escorregou e acendi também a luz de fora. Naquele momento, não entendi direito, ele me disse que sua mãe tinha uma amiga que utilizava este artifício para avisar ao amante que o marido estava em casa. Não recebi como uma indireta, pois estávamos morando ali havia apenas uma semana.
Mas os eventos continuaram, o ciúme aumentava à medida que o tempo passava.
Eu trabalhava numa loja de departamentos em Niterói, ganhava um excelente salário. Até hoje não sei se isso o incomodava, pois estava irritado constantemente. Nada estava bom: minhas roupas eram indecentes, meu riso era inconveniente, o amor pelo meu próprio filho, aos seus olhos, era excessivo.
Por causa desse ciúme obsessivo saí do trabalho, mudei minha forma de vestir, me afastei da família e dos amigos. Tentando manter o nosso casamento, procurei terapia de casais, acompanhamento pastoral, conversa, submissão. O ciúme só aumentava. Meu desejo sexual, junto com o amor foi esfriando. Comecei a me afastar cada vez mais.
Aí ficou pior! O ciúme virou desconfiança e a desconfiança virou violência.
Passei noites em claro tentando dar explicação por coisas sem sentido. Ele tinha visões.
Tentamos várias vezes recomeçar.
Por fim, sem a minha aprovação, ele comprou uma casa de posse dentro de uma favela. Foi o golpe final para me afastar de todos os amigos. Nesta altura, minha família já havia me abandonado.
Agora, com 3 filhos pra criar, tornava-se impossível uma separação sem apoio da família, sem trabalho, sem uma formação que possibilitasse um salário digno.
Foi quando senti vontade de morrer pela primeira vez!
Não suportava mais a tortura psicológica, os constantes abusos, a solidão. Além do mais eu via um por um os amigos de infância dos meus filhos, ainda na adolescência, morrendo pelas mãos do tráfico.
Perdi as forças! Passava horas deitada no sofá da sala aguardando a chegada dos meus filhos para o almoço. Isso me manteve viva.
A vida não fazia mais sentido pra mim. Não tinha sonhos, nenhum projeto, nenhum amor, nenhuma perspectiva. Não tinha nada. Esperava, apenas esperava que eles crescessem, e encontrassem cada um o seu caminho, para que eu pudesse morrer em paz.
Foram 2 longos anos, rindo vagamente para enganar a mim mesma empurrando a vida. Por dentro eu chorava copiosamente, o meu fracasso. Por fora eu fingia uma alegria que não convencia. Emagreci. Cheguei a pesar 41 quilos.Quase enlouqueci. Mas venci. Sem a ajuda de meus pais ou irmãos. Somente com a presença e o amor dos meus filhos e muita determinação.
Estou cansada. Depois eu continuo. Desculpem!


Bom dia!

Que o sol radiante desta manhã traga ao seu coração a certeza de que tudo depende da sua força interior aliada ao imenso amor de Deus!
Olhe para o céu, observe a criação. Somente o amor incondicional pode explicar tamanha beleza neste presente divino que são os raios do sol iluminando o céu! 

terça-feira, 30 de outubro de 2012



 Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: 

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...
Carlos Drumond de Andrade

O primeiro amor


 Era uma menina tímida, calada para os assuntos do coração. Ele tinha os olhos mais azuis que já havia contemplado, parecia o mar encontrando o céu no fim do dia. Sua voz, qual fortaleza resguardada transmitia a segurança necessária pra reinventar a coragem e lutar contra os vilões que até então povoavam seus devaneios de Cinderela. Aparecera seu príncipe, não  mais preso em contos de fada, mas um príncipe real, com voz de príncipe,sorriso de príncipe, cara de príncipe. Só lhe faltavam a capa e o cavalo branco.
Eram horas e horas de suspiros ao som de Roberto Carlos e finais de semana ansiosos pela segunda - feira.
Além de lindo, ele era inteligente com um um ar de zombaria mesclado com educação. Não era um príncipe, era um rei.
Semanas se passaram e ele não a viu. Ela fez tranças nos longos cabelos e ele não viu. Ela deixou de lado o uniforme da escola e ele nem aí!
Não havia explicação, nenhum gesto era notado, nenhuma novidade surpreendia, nada!
Em sua timidez, ficou melancólica e ele não viu. Acho que nem soube!
Tentou fazer amizade com amigas próximas e ele apenas a cumprimentou. Sentia-se invisível como um plástico transparente. Seu riso que já era frágil, tornou-se triste. Seus olhares buscavam-se e ela surpreendia-se acorrentada como um ímã,ao silêncio.
Meses se passaram e os olhares se tornaram mais frequentes, os sorrisos tímidos transformaram-se em sonoras risadas de satisfação. Porém suas mãos não se permitiam ao toque, a simples presença, os olhares e sorrisos, o silêncio envolvido na timidez, eram suficientes pra emoção latejante expandir-se e tornar-se felicidade.
O beijo era apenas um desejo pesquisado em revistas e testado em laranjas. Mesmo assim, com os olhos fechados e o sonho envolvendo tudo podia sentir o gosto da língua de chiclete, o toque de seus dedos entrelaçando seus cabelos sedosos e o abraço, o corpo colado, o calor ardendo. Devaneios de um romance comprado no jornaleiro mais próximo.
O tempo passava, o silêncio cheio de receio escondia a algazarra que a paixão fazia dentro do peito.
E assim passaram - se quatro anos. Quatro longos e platônicos anos de ilusão, de delírio, e tentativas de se fazer notar.
O corpo de menina, franzino, buscava relutante as formas de mulher. Os olhos inocentes adquiriram, decididos o dom de encantar, os lábios mostraram que seu silêncio molhado poderia ser provocante.
Em quatro anos a paixão não revelada, não compartilhada,não vivida se fortaleceu.
Não sabia a princesa da luz que seu príncipe encantado também era tímido e todo esse tempo esperava ansioso por uma palavra que fora sempre expressada através de gestos que ele não sabia interpretar.
Tanto tempo perdido, um segredo escondido. O medo nos nega a experiência de realizar os sonhos.
Quantos amores como esse deixaram de ser vividos por causa do medo.
Medo de se arriscar, medo de ouvir um não que é apenas um não!
Era uma uma menina linda! que se tornou mulher e o seu primeiro amor nunca deixou de ser o seu primeiro amor platônico.

Recomeçar





É preciso estar pronto para recomeçar. Fazer uma pausa nas lembranças, programando uma amnésia pra não pensar no que foi e viver o que está por vir.
É preciso apagar as perguntas e escrever uma nova história dispensando as explicações: olho no olho basta e deve bastar!
É preciso compensar as perdas assumindo o que acabamos de ganhar: sonhos novos, outros sorrisos, amigos verdadeiros. Outras fotos pra tirar e prender na parede e no coração.
Precisamos de um reveillon no meio do ano pra soltar fogos pra vida e comemorar a vitória de Deus sobre as maldades humanas e sobre a alma cansada.
É preciso continuar a encher o jardim de flores, e se aquecer no calor do sol, pois a alma não pode sentir frio.
Precisamos urgentemente de apertos de mão com o efeito de um abraço, e mesmo sem palavras é preciso abrir a porta de saída para a tristeza e o medo.
É preciso dizer pras pessoas que a cura está no perdão e na liberação de amor em tempo real com a cara lavada, sem disfarces que permitam a proteção!
É preciso entregar-se aos sentimentos, sendo um gigante, encarar as armadilhas e se preciso, recuar até a munição acabar pra não ter que ferir ninguém.
E então usufruir todo amor que vier sem reservas, afirmando as amizades que conquistou enquanto recuava da luta.
É preciso transformar o pântano do rancor, num lago cristalino de compreensão e misericórdia.
Precisamos acreditar que viver vale muito a pena!

Bom dia!

Bom dia!Amanheceu!
Nenhuma novidade, exceto pela beleza que excede ao dia de ontem!
Deixe o calor desse sol aquecer sua alma e bronzear os seus pensamentos!
Aproveite o aceno da lua, pra trabalhar em você a paciência de esperar!
Nada acontece por acaso, a maior potência do universo apoia o mundo em SUAS mãos e é indiscutível a força da SUA sabedoria!
Olhe á sua volta, quantas pessoas são como você?
Elas arrastam problemas como correntes assombradas que pesam e causam dores na alma. A liberdade está à alguns passos. É preciso tomar uma decisão: Vou ser feliz e não vou desistir!
Anjos embalam a sua consciência e protegem com as asas abertas a sua decisão; estão prontos a dizer assim seja a cada sorriso seu.


Faça desse dia uma passarela e desfile com a vestimenta da paz, distribuindo o amor de DEUS a todos que passarem por você seja em presença ou apenas no espírito!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Seus olhos também viram...





Todos os olhos veem. os olhos veem a ilusão e a certeza, o objeto e o objetivo, o motivo e a razão.
Os corações sentem até o que os olhos não veem. São imagens armazenadas no inconsciente que brotam impacientes para nos assombrar.
 São as verdades que silenciamos na alma. Estou ansiosa por conhecê-las, transformando-as em poesia, construindo com elas uma ponte para que percebas que tudo o que é possível ser visto, pode ser embalado com a beleza de um sonho. Estou pronta pra ouvir e sentir o que os seus olhos viram...

Na tolice também se observa um horizonte risonho



Eu vi a cidade do riso hoje á tarde: na internet, onde  a tolice se transforma em ferramenta pra que a tensão diária tenha um sutil encontro com a poesia, a  alegria, as notícias boas e as ruins.
Quando a tolice torna-se necessária para que o riso possa brotar sem artimanhas, e a alma risonha aplaude a ilusão, podemos sentir que não vale a pena levar tudo tão à sério.
Uma frase sem sentido sem motivo aparente mexe com a alma da gente  compondo um novo pensamento transformando a tristeza em riso.
Quanta tolice podemos explorar para armazenar nos sentidos uma emoção diferente , um rumo novo pra caminhar?
Precisamos de um recomeço, e nada como uma pausa, uma conversa fiada, um site de piada pra te dizer em silêncio, que a vida ainda vale a pena!
Que rir é melhor que chorar!
Que a gente continua caminhando mesmo enquanto observa o horizonte se afastando da janela da sala.



Outros olhos viram e com todos os sentidos entenderam que a arma pra guerra pode ser um stand up e não um fuzil...
Olhos que às vezes com seu brilho molhado, querem apenas aguardar um instante pra sorrir.
Precisamos de um recomeço e que este seja a navalha na carne dos invejosos.
O perdão no instante da ira e a certeza em tempos de indecisão.

Saudando meus visitantes, sejam bem - vindos!

Bom dia, corações!

Hoje o sol estava intranquilo. Num momento irradiava seu brilho  para que acordássemos, num outro se escondia como criança querendo  atenção. Pensei que não veria seu sorriso e cheguei a me entristecer. Mas de repente, como alma sonolenta que desperta num rompante, ele abriu os braços, espreguiçou e respondeu com voz alta:
_ Bom dia, coração! Hoje quero comemorar. Fazer uma festa! Por isso vou me transformar em fogos de artifício e celebrar a alegria. 
Vamos consumar o casamento desta manhã com o esplendor da esperança e transformar cada desejo secreto numa realidade relevante. Vamos imaginar... criar múltiplos motivos pra manifestar a felicidade de saber-se criatura iluminada, tocada pelas mãos carinhosas de DEUS e distribuir amizade sem esperar retribuição.
Guarde em seu peito a segurança de que sonhos se realizam, mas coloque o seu coração diante dos olhos para que possa ver a possibilidade transformá-los em conquista!
Segure com mãos fortes, as emoções que conduzem seu coração e não as perca de vista para garantir que serão coerentes e determinantes para o seu sucesso!

domingo, 28 de outubro de 2012

Os olhos viram uma infância feliz




"...ver e ouvir a criança é fundamental em qualquer estudo que realmente
deseja estudar a infância. Esse olhar e esse ouvir ficam ainda mais pertinentes quando leva
em consideração o princípio de toda e qualquer infância: o princípio de transposição
imaginária do real, comum a todas as gerações, constituindo-se em capacidade estritamente
humana. É preciso levar em consideração uma concepção modificada da mente infantil,
“uma mente criando sentido, buscando sentido, preservando sentido e usando sentido;
numa palavra – construtora do mundo” (Geertz, 2001, p. 186).




 1972, era presidente  do Brasil, o Marechal Emílio Garrastazú Médici, com projeção e apoio de alguns e muitas críticas também como qualquer político. Mas no Brasil, política é assunto para poucos. Pelo menos, era o que parecia naquela família. Gente simples que lutava bravamente por construir um espaço feliz.
O patriarca, um imigrante alemão que viera para o Brasil com os pais, ainda criança aprendeu que o valor essencial da vida é a integridade. E integridade composta por bondade, honradez, sinceridade de propósitos e sobretudo amor. Amor em tudo que se propõe fazer, em tudo que se permite viver, a qualquer momento e de qualquer forma, amor.
Naquela casa, o cheiro do café vinha antes do cantar do galo e do bom dia do sol. Naquela humilde casa, o leite vinha morno pelas mãos do vovô, com o cheiro das tetas da vaca. E como biscoitinhos num prato, seus beijos completavam o café da manhã.
Enquanto isso a matriarca, uma portuguesa risonha com bochechas gordas e rosadas, alimentava suas flores e a horta com jatos refrescantes da água que vinha de um poço de águas rasas no quintal. Cantando fados para competir com o canto do galo que acabava de acordar.
O dia de trabalho começava. O vovô ia pra feira com meu tio que ainda era solteiro; ele reclamava pois, tio Nini ficava dormindo enquanto ele tinha que acordar. Porém, antes de sair, como trombeta ressoante vovô acordava a todos pois tínhamos nossas ocupações.
Minha função era brincar: correr atrás das galinhas para que aceitassem o milho que eu tinha que servir, subir na mureta do chiqueiro e assistir ao evento mais engraçado: os porcos comiam e jogavam o cocho pro alto, meu tio ficava irritado pois ele é quem tinha que lavar. Eu ria enquanto esguichava a água da mangueira em suas costas e corríamos pelo quintal fazendo guerrinhas dágua. Cansados deitávamos na grama e as gargalhadas nos cansavam mais que o trabalho cotidiano.
Minha tia era a princesa da casa, não precisava fazer nada, (segundo o vovô) mas a vovó fazia com que ela preparasse pães no forno de lenha para o lanche da tarde. Era preciso sovar a massa e deixá-la descansando antes de assar. Então, tínhamos uma longa tarde pela frente antes de completar o preparo dos pães.
Logo depois do almoço, enquanto a vovó fazia a sesta, toda gurizada da rua subia o morro mais alto do bairro munidos de pedaços de papelão e descíamos morro abaixo com o vento refrescando o rosto e a poeira arranhando os olhos. Muitos tombos, joelhos ralados, lágrimas misturadas com poeira e gargalhadas; cara suja, corpos suados, pés descalços. A liberdade de deitar no alto do morro e olhar pro céu. Assistir nas nuvens a formação de figuras: anjos com seus cachinhos dourados, monstros para lutar com rainhas guerreiras, barcos afundando no mar sendo resgatados por grandes peixes. A tarde parecia não acabar.
Todo mundo corria pro rio como pássaros em revoada e suas asas que se estendiam protetoras cobriam o futuro com uma capa de felicidade.

sábado, 27 de outubro de 2012

Meus olhos viram, minhas mãos tocaram, meu coração...



Era o ano de 1968, o carinho na família andava escasso.  Por acaso, muito depois, foi descoberto que isso era o cotidiano e não um simples momento, um esquecimento, ou excesso de ocupação. Era negligência mesmo. Por falta de educação afetiva, por mero desconhecimento do que seja carinho ou pelo motivo que fosse. O fato é que as demonstrações de amor não aconteciam.
A mãe sempre precisando entregar mais uma trouxa de roupas para a patroa. O pai sempre com os pés muito cansados da caminhada do dia, em troca do sustento vital da família. O que tinha pra oferecer era a consciência do dever cumprido com integridade e a educação em valores que se perderiam no emaranhado das lutas diárias ou se consolidariam numa voluntária aceitação do certo porque é certo sem muitas perguntas.
O fato é que carinho não acontecia.
Boa noite, Cinderela! Princesa do Sílvio Santos à meia noite.
Acordar entre o casal que sabia beijar a testa e o rosto, acariciar os cabelos, calçar sandalhinhas de princesa e fingir que aquele elemento estranho em suas mãos era um brinquedo que precisa ser escondido de todos pra não se perder o carinho que era tão escasso. Aos 4 anos não se sabe ainda o que é certo e o que é errado. Espera-se que mamãe diga. Mas mamãe está ocupada! Espera-se que dindinha não finja que viu. Mas dindinha precisa fazer o café...
Eram semanas inteiras num brincar de casinha que preenchiam as manhãs. E as mãozinhas pequeninas aprenderam rápido o vai e vem que iria garantir mais um abraço, mais um afago, uma palavra doce e cedo constatou que sempre teria que lutar pra que o carinho viesse.
Onde estava mamãe enquanto eu fazia bolinhos de areia pra dindinho marido?
Conversando com a vizinha ou armando um barraco pra vender segredos alheios?
Meus olhos viram, minhas mãos tocaram e o meu coração chorou muitas vezes enquanto eu crescia, ardia dentro de mim esse segredo,como uma bomba querendo explodir.
Hoje, ouço as notícias sobre pedofilia e me entristeço.
As famílias não imaginam que o maior inimigo está por perto, marcando como uma tatuagem o coraçãozinho dos seus pequeninos.
A alma grita revoltada por justiça, o peito explode, as mãos tremem.
Onde está a mamãe que não ouve quando eu grito?
 Meus olhos viram, meu coração sentiu!

Saudade de mim


.

Hoje estou com saudade da Lucia que vi brotar entre os espinhos,que soube usar as lágrimas 


para regar as próprias pétalas e enfim crescer. Tô com saudade da Lucia que aprendeu a

 voar com asas de sonho e reinventou a coragem pra adiantar o passo e chegar bem junto... 

Tô com saudade daquela força imbatível no brilho dos olhos, daquele sol que incendeia 

qualquer coração. TÔ, tô com saudade do amor que de Lucia irradia, resplandece, do sorriso 

que contagia. Por onde anda você que não se assusta com o medo, não se esconde da

saudade e consegue lutar sem perder a ternura? Quero te encontrar mais vezes no espelho lá 

do quarto com as mãos nuas, o coração descansado e essas rugas que me ensinam o 

caminho da sabedoria. Hoje tô com saudade do perfume de liberdade que o vento espalhou 

nos cabelos da lua... Tô com saudade de mim, quase não sei onde estou, pra onde vou,

 nem sei onde quero chegar... vento sem asa, mar sem onda, noite sem luar.










Tempos de guerra!

Chegou um novo tempo! Tempos de guerra! De mim comigo mesma! Guerreira que sempre fui, tenho que me manter de pé. 
Hoje vou abrir as janelas, esticar as cortinas, chamar o sol e iluminar a casa. Vou varrer a poeira que se acumulou embaixo do tapete e sacudir tudo lá fora. Vou molhar minhas plantas e aproveitar pra tomar um banho de mangueira. Será que ainda posso ser a garota da laje?
Hoje, sem e
sperar amanhã, vou ouvir Vander Lee o dia todo e cantar só um pouco. Vou espantar os males. Espanar os móveis, encher a casa de flores, jogar perfume na lâmpada pra ele se espalhar. Vou botar um shortinho, regar o jardim, arrancar ervas daninhas e beber muita água.
Chegou um novo tempo! Tempo de recuperar as forças! De recuar um pouco pra se fortalecer. Guerreiros também cansam!
Vou dormir á tarde, comer muito chocolate,falar ao telefone por muito tempo, rir das lágrimas teimosas que faxinam minha alma.
Vou sentar lá fora pra falar bobagem com os vizinhos, ligar a televisão na sessão da tarde e deixar rolar. Vou olhar pro céu, fazer orações que invadam o universo restrito de DEUS trazendo-o pra mim e sentirei Seus olhos felizes aplaudindo minha guerra.
Vou ouvir meus sonhos, digitá-los no coração e tatuá-los na alma, vou assinar em baixo. Um dia eu saio e reconheço firma.
Sei que a felicidade está aqui dentro de mim, guardada em algum lugar. Fui um pouco relaxada, baguncei minha casa interior. Mas em algum canto aqui dentro meu riso brinca de esconde-esconde, eu vou reencontra-lo.
Sei que é muita coisa pra um dia de batalha, mas se eu conseguir realizar a metade das propostas, amanhã é outro dia e eu vou recomeçar.